31.1.09

Galo

Na penumbra, os objetos podendo ser vistos gradativamente no quarto. Lá fora, chuva ininterrupta há dois dias.
...A imagem daquela pessoa molhada, suja, feliz, permanecia na memória. Parecia que aquele olhar invadia-lhe a alma. Será que algum dia conseguirei ser feliz longe dele? Nesse dia, era certa a resposta. Defini-tivamente não.
...O seu melhor amigo por anos; agora seu amor. Um clichê? Talvez. Fato era que se apaixonara. Os olhos verde-oliva, a boca, o cheiro, as mãos, o sorriso. Tudo fazia sentido, exalava perfeição.
...Cenas vinham-lhe à cabeça mais rapidamente que a chuva a qual há pouco encharcara o namorado. Um mês da mais pura feli-cidade.
...Agora, seu quarto já tornava-se visível: a rede, os armários, a cama. Ela. O galo brigava com a chuva, na sua tola insistência em cantar o dia chegando. Amanhecera.


jan.07

Um comentário:

Heitor Amílcar disse...

legal também esse outro flash. do entorno ao mais íntimo, do mais objetivo ou poético. um superválido lidar narrativo, e do próprio registro de um instante de vida.
permita-se com regularidade.
como leitor, irei adorar.
HA