25.5.09

São Paulo

Frio. Tentava se aquecer, mas o edredon listrado não parecia ser suficiente. Ventava. Pensava em tudo que havia feito até chegar ali. Certamente foram coisas demais para os seus vinte e poucos anos de vida. Estava cansada. Não se arrependia, mas estava cansada. Olhava lá embaixo. Nunca antes subira no alto do seu prédio. Era realmente uma grande construção. As pessoas, os carros, as árvores, tudo se tornava tão pequenininho visto dali. O cheiro de frio machucava o nariz. As luzinhas da cidade piscavam como que para ela. Eram estrelas caídas, mais coloridas que as do céu limpo. O barulho do mundo inteiro parecia condensado naquele momento, chegando às suas orelhas vermelhas de frio como um som forte e constante. Era quase mágico: a primeira vez que parou de verdade para ouvir o som da gigante cidade, sentir seu vento, olhar nos olhos da metrópole o brilho que ela produzia. Sentiu um arrepio.
Caiu.
24/maio/09