tag:blogger.com,1999:blog-34501639374043534352024-02-06T23:08:18.825-03:00olada.da.óliolada:
1.ocasião, oportunidade, momento propício.
2.maré de sorte; boa sorte.óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-79666723342284775852013-06-14T01:02:00.001-03:002013-06-14T01:04:49.301-03:00Cheiro de vinagre<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Hoje (13/jun/13), no Quarto Ato contra o aumento das passagens do transporte público (ênfase no “público”, por favor), milhares de pessoas se reuniram em frente ao Teatro Municipal. Os ânimos de uma juventude aprendendo a fazer política estavam fortes. Todos unidos em palavras de ordem, sempre reforçando o caráter pacífico da manifestação.</span></div>
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<span style="color: white;">Quando começou a passeata, tudo se manteve tranquilo (ainda assim, corriam boatos de que pessoas já haviam sido presas, pelo simples porte de vinagre). De qualquer forma, a massa se mantinha homogênea no objetivo, sempre convidando a todos para virem às ruas protestar. Nessa parte, não presenciamos quaisquer atos de violência por parte do povo. Aliás, talvez um único. Ao passarmos por uma rua interditada pela multidão, demos de cara com um ônibus preso no congestionamento. Ao nosso lado, estavam cerca de meia dúzia de jovens, com rostos cobertos, que logo passaram a pixar “R$ 3,20 é roubo” e coisas do gênero no ônibus. Essa foi a maior (e única) violência vista por nós, ao longo de mais de duas horas de manifestação pacífica. Ainda assim, esses seis jovens foram imediatamente vaiados pela massa ao redor, em desaprovação ao ato cometido com gritos de “Sem violência! Sem violência!”.</span></div>
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<span style="color: white;">Continuamos pelo centro, ao som de baterias comandando os gritos de ordem, tais como “Motorista! Cobrador! Me diz aí se seu salário aumentou!”. Assim que começamos a subida da Consolação, a multidão foi parada pela Tropa de Choque. O único som era de milhares de vozes gritando a plenos pulmões novamente “Sem violência! Sem violência!”. Instantes depois, para susto geral, começou um imenso bombardeio por parte da polícia, com bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral. A massa de milhares de pessoas tentou correr, desesperada, voltando de onde tínhamos vindo. Ainda assim, ouvia-se a tentativa de continuação do grito “Sem violência!”, mas que só tinha como resposta mais bombas da polícia. </span></div>
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<span style="color: white;">Muitos manifestantes tentavam acalmar a multidão, pedindo para ninguém correr. As bombas continuavam ininterruptamente, para desespero geral. Quando conseguimos ultrapassar de volta a Praça Roosevelt, no sentido centro, percebemos a armadilha. Outro cordão de policiais impedia a passagem por esse lado. Não demorou nada para sermos bombardeados também por eles. Estávamos encurralados, com bombas caindo por todos os lados, pessoas desesperadas correndo como baratas tontas, se trombando e se atropelando. A grande maioria já tinha lenços nos rostos, de forma a proteger do gás. O cheiro de vinagre, antes repulsivo, tornara-se absolutamente necessário. A única saída era a própria Praça Roosevelt. Quem conhece a região sabe que as opções para subir são restritas, como rampas em zig-zag, nada propícias para uma multidão amedrontada. As pessoas desataram a correr por cima das rampas, pulando de um corrimão para o outro, tentando se ajudar, mas ao mesmo tempo se machucando. O desespero só crescia, com as bombas se aproximando, caindo do nosso lado a cada instante.</span></div>
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<span style="color: white;">O cenário era comparável ao de guerras e ditaduras, em que cidadãos civis são deliberadamente atacados, sem qualquer plano de ação ou tentativa de diálogo por parte da polícia. O desespero e o medo só dividiam lugar com a raiva.</span></div>
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<span style="color: white;">Quando consegui chegar ao metrô, as filas eram enormes. E pasmem! Não devido à manifestação que ocorria a poucos quarteirões dali. E sim à coincidente greve da CPTM, ocorrida desde a manhã. Me vi novamente envolta em multidão, mas num contexto completamente oposto. Ela era formada por indivíduos nos seus celulares, ligeiramente irritados por chegarem tarde em casa, cansados do trabalho e absolutamente apáticos. Essa massa esperava estática na plataforma a chegada de um trem vazio, que pudesse carregá-la para casa. Não havia força, não havia brilho, não havia vida. Não havia revolta com a situação absurda a que foram submetidos. E muito menos havia qualquer tentativa de mudança. O grito de guerra fora substituído por uma voz repetitiva no alto-falante do metrô: “Essa estação será fechada por motivos de segurança”.</span></div>
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<span style="color: white;">O desespero voltou forte em mim. Minha vontade era sacudir cada um ao redor. Gritar até que todos ouvissem que, acima de nós, milhares de pessoas estavam sendo brutalmente atacadas, reivindicando direitos também para eles, parados na plataforma. </span></div>
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<span style="color: white;">Cheirando a vinagre e descontando minha insatisfação no pano úmido que tinha nas mãos (e que, pouco antes, me salvara do gás), embarquei no vagão absurdamente lotado. E apático. </span></div>
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<span style="color: white;">Havia uma barreira tão imensa entre as duas realidades que me senti perdida como nunca antes. O que fazer? De que maneira ampliar a luta, trazendo quem é, muitas vezes, muito mais injustiçado do que nós? Como destruir esse Muro de Berlim invisível? </span></div>
óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-17718557246275186532012-02-26T04:41:00.010-03:002012-02-26T05:23:17.729-03:00sobre mortes e renascimentos<div align="justify"><span style="color:#3366ff;"><em>Reflexão sobre o processo de estudo e montagem da peça</em> Esta Propriedade Está Condenada</span><em><span style="color:#3366ff;">, de Tennessee Williams, como projeto de Direção II, ministrado por Cibele Forjaz (ao longo do primeiro semestre de 2011) </span></em><br /><em><span style="color:#3366ff;"><br /></span></em><em><span style="color:#3366ff;"><br /></div><br /><br /><div align="justify"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 338px; DISPLAY: block; HEIGHT: 183px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5713349056733826194" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFbhWYoJVbm79KsAIJYXBgikkmzd8GpTCFq3yJmbJeZjj6hthHPjz93URNgNPwtAgzFwO-AuZtBGzJRWYEWGZvE6O4c_fH8XMTfli4uoOmp069pehuLNNQo8ecLsQFju_lMkwSchBaYmo/s320/DSC07650+b.JPG" /> </span></em></div><br /><div align="justify"></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3366ff;"><strong>O</strong> processo de <em>Esta Propriedade Está Condenada</em> foi bastante intenso na criação por parte do coletivo. Como tínhamos apresentações praticamente a cada quinze dias, estávamos quase sempre em estado de urgência, experimentando e criando, mas sem perder o foco em construir algo a ser mostrado em pouco tempo.<br />Nos dois primeiros meses, no processo dito textocêntrico, analisamos o texto de várias maneiras, desde sentados conversando sobre ele, na prática improvisando sobre o material e também fazendo juntos a nossa própria tradução para o português. Dividimos o texto em unidades, decidimos verbos de ação e realmente começamos a nos apropriar da história, dos personagens, dos conflitos. Criamos, nessa época, um “vocabulário cênico” comum, para partirmos da mesma base. Juntos.<br />No segundo mês, passamos a pesquisar a relação com cada espaço por onde o trilho-corda-bamba passava, decupando a proposta do trilho do trem como trilha de tecidos e cordas circular. É bastante claro que nos faltou tempo para criar essas relações com cada espaço, mas já naquele momento a pesquisa começava a se apontar. Montar, pelo menos em parte, o trilho a cada ensaio exigiu esforço e trabalho coletivos, o que acabou em parte esgarçando as energias dos atores. Por outro lado, passamos a entender cada vez mais o texto, ao relacioná-lo com os espaços. Fisicalizar a memória de Willie das festas no casarão amarelo foi uma opção que nos ajudou a perceber o ponto de vista dela, a realmente entrar na sua fantasia-memória. E fazer isso em um teatro e depois seguir para a propriedade condenada no corredor escuro abarrotado de móveis e cenários nos dizia muito respeito. A peça então nos era mais leve, mais azul, mais renda.<br />A passagem para a etapa cenocêntrica foi bastante crítica para mim, diretora. A pergunta “o que é vital para mim nessa peça?” era difícil de ser respondida. O que eu, nesse momento exato da minha vida, quero e preciso dizer com a obra?<br />Ter que apresentar para a sala um projeto de encenação para essa fase me fez refletir mais intensamente sobre essas questões (mais uma vez, o estado de urgência colocou-se). Percebi então que possíveis respostas estavam próximas ao processo desde os primeiros ensaios. No dia 29/03, ainda no nosso terceiro ensaio, havia surgido a pergunta “qual é a nossa corda-bamba?”. Ela se repetia ao longo das semanas, mas nunca tentei realmente respondê-la. O elemento corda-bamba havia surgido logo no primeiro ensaio, com a percepção de que Willie vem se equilibrando sozinha ao longo da sua vida. Os objetos propostos por Tennessee Williams deixam mais clara uma das camadas dessa corda-bamba: Willie começa a peça se equilibrando no trilho de trem com uma banana podre (símbolo sexual estragado) em uma mão e a Boneca Doida (brinquedo de criança) na outra. O limiar da menina obrigada a se tornar mulher antes do tempo.</span></div><br /><div align="justify"><br /></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3366ff;"></div></span><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5713354426282915362" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLqrmahMBdA1V2ASGOZD2rXcNsmfqUjRgTW4JOWHdn7-OxHjLku6MxMDHm8T_SvJ_JhBkDCqClJ-nXeaqQxZslv-ZBIosukiw8fAerpEO0jz-N7A_ZqIOndt6kJVMhhSq_8zE0vd4A_Qc/s320/DSC07642.JPG" /><br /><br /><p align="justify"><br /><span style="color:#3366ff;">Propus então um workshop com a pergunta “qual é a minha corda-bamba”. A partir dele, eu pude vislumbrar um caminho, a luzinha no final do túnel do nosso trem. Cheguei ao cerne da <em>minha</em> peça (ou seja, o que a peça representa para <em>mim</em>). Descobri que, para mim, é vital tratar, com essa peça, o assunto <strong>morte</strong>. A personagem Willie me toca profundamente ao reconhecer, por exemplo, que terá uma morte solitária (ao contrário de Greta Garbo, em <em>Dama das Camélias</em>).<br />À primeira vista, a menina nos pareceu extremamente sonhadora, iludida e quase mentirosa. Ao escavarmos algumas camadas do texto, fomos percebendo o grau de consciência de Willie em relação à sua vida. Ela sabia que os namorados da irmã tinham ido embora por medo de terem que pagar as despesas médicas da sua doença. Sob o seu ponto de vista, Willie é bastante pragmática: não achava a escola necessária, então a largou, reproduzindo o discurso da irmã, Alva, de que uma menina precisa apenas saber conviver na sociedade, para arranjar um bom casamento. No final da peça, após falar da sua morte solitária (mas com brincos de pérolas, diga-se), Willie divaga que, então, outra pessoa herdará os namorados dela, assim como ela os havia herdado da falecida irmã. É nesse momento que a consciência sobre a sua situação se torna ainda mais evidente: ela sabe que o ciclo da vida continuará, mesmo depois de sua morte, por se tratar de algo infinitamente maior do que ela, tão inalcançável quanto o céu branco que ela adora.<br /><br /></span></p><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 231px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5713350040131314626" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtJ1EUavmmiFeE027CRMIXTrXFsToaH2pVZoArRIC-0ea5HPWvMseY1XVHpZabtIlywje695qytaVlMepdXU_J9eiCsF5Kt9nQVWuoXQC71iyuDF6EgRXJ4h8YNJ-fDdRCsOQTRoT1Akw/s320/DSC07669+b.JPG" /><br /><br /><p align="justify"><br /><span style="color:#3366ff;">Percebemos então que a “propriedade condenada” não é somente o casarão amarelo da família, mas também a própria Willie, sem direito a futuro, sem perspectiva de melhora, algo que, para o “bem da sociedade”, deve ser destruído definitivamente.<br />O nome da personagem escolhido por Tennessee Williams, Willie, vem de Will, que, por sua vez, significa vontade, desejo, arbítrio, determinação, decisão e, principalmente para nós, <em>testamento</em>. Essa visão de Willie como testamento de Alva foi bastante importante para o nosso processo; esse “documento” filosófico e metafórico passado de geração em geração, ciclicamente, <em>ad infinitum</em>.<br />Percebemos que essa perspectiva já tinha sido experimentada na primeira proposta de encenação, traduzida pela corda-bamba (em substituição ao trilho de trem) circular, sem começo nem fim, na qual os personagens se equilibram durante a peça, realizando um longo trajeto ao ar livre, somente para voltar ao início no final da ação.<br />A partir do cerne da peça sendo morte, decidimos entrar em sala de ensaio, para podermos procurar as “miudezas” do texto, trabalhar a sutileza, ter um cuidado maior com o tema, partir de dentro para fora em vários níveis.<br />Esse mês que passamos dentro da sala 14 nos revelou diversas ações e novos sentidos para o texto. Jogando com os objetos propostos por mim, como tintas, tecidos soltos, penas, velas, fósforos, bacia, chaleira, bola, cabides e uma arara de ferro, os atores descobriram outras camadas na peça. Outro ponto marcante dessa etapa foram os poemas espalhados pela cena em envelopes pardos. Em qualquer momento que o ator ou a atriz sentisse necessidade, poderia pegar o envelope e se relacionar do modo que quisesse com o poema. Eu escolhi poemas que tratassem de morte, em diversos sentidos. Esse jogo nos trouxe outra atmosfera e ressaltou os momentos mais sombrios da peça, entretanto o resultado apresentado foi uma repetição do que já estava dito na peça. A morte ficou reiterada muitas vezes, tornando os poemas quase ilustração do tema.<br /></span><br /></p><span style="color:#3366ff;"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 226px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5713351726185337762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkp0WNLWzRs9tCgMWkTEa4KdJrqvFGFsAs8ZEV6NW2WkHkUdlXFQP1PdOhbD2w0SiXia7Qsoq9Z8UyOSrlr1vN8-2nBLyRysTxhF8SI7JNdzJj963a-EBmSLQDf_gD2AR4MOppaxei_7s/s320/DSC07888+b.JPG" /><br /><br /><p align="justify"><br />Como sugerido pela turma de Direção II, voltamos então para fora, expurgando a experiência desse mês em sala. Retomamos nosso trilho-corda-bamba e pesquisamos mais profundamente cada espaço.<br />Do processo dentro da sala, trouxemos apenas os objetos que realmente diziam respeito à peça e a nós. Eles passaram a ser achados ao longo do trajeto e ser incorporados à ação aos poucos, ajudando os personagens a se locomoverem no trilho. Começamos também a interferir mais radicalmente nos espaços, colocando, por exemplo, muitos espelhos ao redor do lugar onde Willie fala da beleza de sua irmã, como de uma “artista de cinema”. Durante a divisão do público entre homens e mulheres, construímos ambientes próprios, dentro dos banheiros do <em>hall</em> dos teatros; o feminino complementando o texto sobre a Boneca Doida, com velas, incenso, pétalas, penas e perfume, e o masculino com o universo do Tom, constituído por um móbile de pin-ups, bebidas e cigarros.<br /></span><span style="color:#3366ff;">Outro exemplo dessas interferências no espaço foi a criação da nossa “propriedade condenada” no corredor entre os teatros, com muitas faixas listradas de amarelo e preto, estojos de maquiagem, espelhos e caixinhas de música que seriam postas para tocar pela própria Willie passando pelo local. A ideia seria reconstituir o universo condenado herdado da irmã, Alva, justamente quando o diálogo trata da situação atual da propriedade.<br />No caso dessa passagem específica, fomos surpreendidos a menos de uma semana do ensaio geral por uma exposição super-organizada de maquetes pequenas e delicadas no local que utilizávamos. Haviam tirado todos os nossos móveis e nossa bagunça tão querida e coberto o chão com quilos e quilos de arroz. Nos deparamos com a triste realidade da burocracia que não havíamos cumprido, de reservar o corredor que nos parecia esquecido por todos (exceto por nós mesmos), onde jogavam cenários em desuso.<br />Em um ensaio de dez horas, criamos uma nova cena, utilizando agora a plateia do teatro como palco da propriedade condenada. Após a materialização, com uma música de baile estranhada e incômoda e a projeção deformada de uma festa antiga, da memória de Willie sobre as festas que aconteciam na sua casa, os atores passam então para a plateia, composta por móveis velhos e espelhos quebrados, espalhados por cima das poltronas. O público assiste a cena do palco, invertendo a tradicional relação palco-plateia. Ao longo da cena, Willie vai dando corda nas caixinhas de música, que, a princípio, soam leves e delicadas. Mas, quando várias delas estão tocando juntas, cada uma a sua música e em seu próprio ritmo, o ambiente torna-se hostil e novamente incômodo.<br />Uma decisão que ilustra a nossa transformação no entendimento da peça foi a mudança no figurino de Willie. Antes, azul, leve e rendado, passa a ser vermelho, de um tecido mais pesado, justo e curto.<br />A ideia é que Willie vá se compondo ao longo da peça, com objetos herdados da irmã, achados pelo percurso e então carregados com ela, como luva, echarpe, casaco, maquiagem, cinto. Conforme andamos, Willie vai se colocando no lugar de Alva, se preenchendo. Ao final, ficamos com a dúvida se ainda vemos Willie ou se estamos seguindo o fantasma da irmã. O conceito do ciclo, moto-contínuo, se efetiva fisicamente no trajeto circular e também na transformação da personagem.<br /><br /></p><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 229px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5713352851410368498" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaUx4NvH3Qe-fHQfsZC-cipZXxh5dPU6ziKe8TjLQ73Nt4G3AFKcfBKzJr0ME85bGcVoHYVZBfmYVkV0NtnHqxusueD0fbIsKJZHBwzE1fyyx2kH2oU8Vmke2cC-jjIrioHhHLjYbvOR0/s320/DSC07945+b.JPG" /><br /><br /></span><span style="color:#3366ff;"><em>Consentir a própria morte, e renascer, não é fácil.<br /></em>F. Perls</span><br /><br /><br /><br /><br /><div align="justify"><br /><a href="http://www.youtube.com/watch?v=kckejxrCDI0&feature=related">http://www.youtube.com/watch?v=kckejxrCDI0&feature=related</a> </div><br /><div align="justify"><em><span style="color:#3366ff;">trilha sonora da peça</span></em> </div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-90798573352283921302011-12-20T04:59:00.002-02:002011-12-20T05:02:33.527-02:00.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOk0ZMEWN53LAyqaAgqB6Hhf-a1Ktd5GixXC0E6VGSv-J3D6_ETg35VBujLCxllhzcJzW5I-oSjbYI4P2tzXbFNUI_hZ4utHQ4XXgSrZLaRdA4Cp2HAj0QQBMkfLX5wIGzYc2s2h_jQ9s/s1600/DSCN2263b.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5688101807250845762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOk0ZMEWN53LAyqaAgqB6Hhf-a1Ktd5GixXC0E6VGSv-J3D6_ETg35VBujLCxllhzcJzW5I-oSjbYI4P2tzXbFNUI_hZ4utHQ4XXgSrZLaRdA4Cp2HAj0QQBMkfLX5wIGzYc2s2h_jQ9s/s400/DSCN2263b.jpg" /></a><br /><br /><div align="right"><em><span style="font-size:85%;">jul./11</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-70820641499394706202011-12-20T02:54:00.000-02:002011-12-20T02:55:24.473-02:00gaiola<div align="left"><span style="color:#cc66cc;">Gaiola de cinzas grades<br />Gotas de chuva escorrendo, cortando o ar<br />O que impede de sair, as grades ou as gotas?<br /><br />Estrangeira na gaiola<br />Pequena<br />E enorme<br />Novos estranhos rondando<br />Vão embora! É gaiola. E é minha.<br /></span><em><span style="color:#cc66cc;"><br /><br /><span style="font-size:85%;">16/jul./10</span></span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-85728046864328428452011-12-20T02:29:00.007-02:002012-02-26T13:06:40.170-03:00amar não acaba<div align="justify"><span style="color:#33ffff;">Perceber que <em>amar</em> não acaba. O <em>amar</em> fica ali, quietinho, nos olhos, na boca, no estômago... até que o encontro se re-encontre. E aí é bonito demais. Tão ou mais que o encontro. Esse re-encontro danado, em que olhos, bocas, estômagos, orelhas, mãos, cílios, dedos dos pés se vêem e se re-conhecem. E nem precisa daquela dúvida do início. A dúvida é outra, mais funda. A dívida do passado, incompleto, insuficiente. Que volta para completar-se. Contemplar o passado feito presente (finalmente!), iluminando cada pedacinho de vida.<br /></span></div><br /><br /><br /><div align="right"><em><span style="font-size:85%;"><span style="color:#33ffff;">8/Nov./11<br /></span></div></span></em><br /><br /><p><em><span style="color:#33ffff;"></span></em></p><br /><br /><p><span style="color:#33ffff;"></span></p><br /><br /><br /><p><em><span style="color:#33ffff;">(ao reler as poesias de um menino-pássaro, de olhos pretejados de jabuticabas, para uma menina constelada de pintas, ambos distraídos, que, de tão distraídos, foram se afastando, afastando, até não ter mais volta.)</span></em></p>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-3643195625825826742011-12-20T02:27:00.002-02:002011-12-20T02:53:03.233-02:00noite<div align="left"><span style="color:#6600cc;">A efemeridade das coisas<br />O encontro, a ligação<br />Um poema-de-fotografia<br />O instante registrado<br />Musicado, musicando<br /><br />A bolha de sabão prestes a estourar<br />Arco-íris de sensações<br /><br />A construção da confiança<br />Intimidade<br />O cheiro doce de shampoo<br />As descobertas (de si) do outro<br />O conforto-do-peito, do abraço<br />O sorriso gentil, de-doce-de-mel<br /><br />Não quero pensar no depois<br />No resto do mundo<br />“o tempo aqui é outro”<br />O amanhecer virá<br />Mas agora a noite aconchega.<br /><br /><br /></span><em><span style="color:#6600cc;"><span style="font-size:85%;">21/dez./10</span></span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-63196887237345197092011-12-20T02:22:00.003-02:002011-12-20T02:52:42.144-02:00<div align="left"><span style="color:#993399;">Há que se traduzir em palavras aquela noite?<br /><br />Sensações marcadas<br />O vermelho, o azul<br />A complementaridade das cores, das histórias,<br />A completude da vida<br /><br />Ele, filhote, ali, conhecendo(-se)<br />Estranhando tudo o que (ou)via, sentindo.<br />Eu, filhote, ansiosa, atrapalhada, curiosa.<br />Nós, crianças, identificando instantes<br />Na tentativa de enxergar, de ver, compreender<br /><br />A vermelhitude da sensação<br />A força, o ímpeto, o movimento<br />Em jogo com o sentimento azulado<br />A paz, calmaria, a certeza.<br /><br />A mandala da história<br />O círculo azul-avermelhado<br />A mescla das cores-experiências<br />O roxo-resultante, a transformação<br /></span></div><br /><br /><div align="left"><span style="color:#993399;"><br /></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#993399;"><em></em></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#993399;"><em>7/nov./10</em></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-89910276854606803242011-05-16T13:43:00.008-03:002011-05-16T15:03:39.751-03:00encontro (ou tentativa)<div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><strong>E</strong>ra uma festa qualquer. Dessas da faculdade, com gente conhecida e bêbada.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Ela não esperava mais que se divertir com os amigos, dar umas risadas, espairecer.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Estava escuro. A música alta e as lentes dos óculos antigos dificultavam seus sentidos. Turvo, desfocado, penumbra, vultos, barulho constante. O frio a fazia estremecer de vez em quando.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span><br /></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Ele veio à cidade para ver uma peça. Nada além disso.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Acompanhava três amigos. Antigos, como ela.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Chegaram atrasados, a Marginal parada. O que fazer? Ouvi dizer de uma festa legal, vamos?<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Foram.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Ela estava lá. Ele chegou.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Eles se viram. Se viraram.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Como reagir a um amor antigo? Como falar oi depois de tanto tempo? Como sorrir e perguntar como vai, tudo bem? Como?<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Tentaram se ignorar por um tempo, ver quem cedia e tomava a iniciativa de cumprimentar o outro. Hesitação-Excitação.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Os dois querendo ser caçados, como prova da importância antiga de um na vida do outro.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Até ele passar perto. E ela o segurar pelo braço.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Oi.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Trocaram palavras. Ovos estilhaçando sob seus pés a cada sílaba pronunciada.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>O pensamento e o sangue a mil; as frases controladas. A tentativa de esconder a tensão em todos os músculos de seus corpos.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Na primeira oportunidade, ele diz vou dar uma volta. E se afasta.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>O ar volta em desespero aos pulmões, após aqueles longos minutos embaixo d’água.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>O mundo dela volta, mais desfocado, escuro, torto. Ele caminha, fingindo decisão ao se afastar dela.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Eles se esbarram mais tarde, trêmulos.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Insistem na tentativa de uma conversa “normal”. Perguntam do cachorro, do emprego, dos pais.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>A situação, pouco a pouco, fica mais leve. Os ovos diminuem. Tornam-se pontuais, apenas quando se lembram do passado comum.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Na exata metade de uma frase já relaxada dita por ela, ele, como era de sua natureza carinhosa, toca a mão dela. Movimento sutil, quase imperceptível para o resto do mundo. Mas, para ela, que nesse momento não era o resto do mundo, muito pelo contrário, era o centro dele, era ele inteiro, aquilo impossibilitou de súbito a circulação do sangue, a entrada do ar, a movimentação dos músculos, o fechamento das pálbebras, a digestão da bebida. Seu corpo congelara e derretera. Naquele exato instante do toque, a frase se perdeu...<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>O sutil toque logo se repetiu. Na terceira vez, já não era tão sutil. Então, se demorava um pouquinho mais, trocando decidido o calor das peles. O contato se intensificava. Agora, já tocava também seu rosto, num carinho delicado só dele.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>As palavras continuavam, mas a atenção era exclusiva ao próximo toque disfarçado.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Os sorrisos dela ganhavam ar de vergonha. Os rostos avermelhados, talvez do frio. Talvez não.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>O toque escorregava, se transformando em abraço. No começo seco, rápido. Em seguida, mais demorado, apertado.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Os rostos se tocavam; as bochechas, em contato, se reconheciam. Saudosas.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Os narizes, com inveja, também passaram a se encostar. Quanto tempo!<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Os cílios, as testas, maxilares, queixos. Todos, no reencontro por tanto tempo esperado.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Só faltavam os lábios, receosos. Mas, quando os olhos se viram uns no brilho dos outros, os lábios simplesmente entenderam. E se tocaram, no beijo iluminado que preenchia o mundo inteiro.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Eu gosto muito de você, ele disse.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Eu também gosto muito, muito, muito de você, ela em resposta. Parece que não passou tempo nenhum...<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Foram as únicas palavras que se permitiram dizer. O resto não importava mais. O não-foco, a peça, a penumbra, o frio, os amigos, a distância.<br /></span><span style="color:#00cccc;">.</span></div><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Os dois ficaram assim por muito tempo, se reconhecendo, se encontrando.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Mas nem de longe por tempo suficiente.<br /></span></div><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#3333ff;"><span style="color:#00cccc;">.<br /></span><span style="color:#00cccc;">...</span>Fica bem, como você estava, ele disse, com seus olhos de bola de gude.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>Você também.<br /><span style="color:#00cccc;">...</span>E voltaram, cada um para seu mundo pálido e inodoro, galáxias distantes de si. </span></div><span style="color:#3333ff;"></span><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#3333ff;"><em>maio/11</em></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-40017564754791059992011-01-24T02:37:00.004-02:002011-01-24T02:41:26.444-02:00<div align="right"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNA35VRjsNSNuYGjlXc4o8mZC5W1m-MGbVxD7JVbpVA55toBpFbGZq-ENBp2sVixAvNMAZowoPBdmXN624SKV7UzoEOjPiPPPSpBKDx8_vH8rEEzH23Xh_sXAQr7ch5K7FULqEAJP9Rsc/s1600/Salvador+jan+010+2.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565607162872577922" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNA35VRjsNSNuYGjlXc4o8mZC5W1m-MGbVxD7JVbpVA55toBpFbGZq-ENBp2sVixAvNMAZowoPBdmXN624SKV7UzoEOjPiPPPSpBKDx8_vH8rEEzH23Xh_sXAQr7ch5K7FULqEAJP9Rsc/s400/Salvador+jan+010+2.jpg" /></a><br /><br /><em><span style="font-size:85%;">Salvador -- fev./10</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-40971270598057677262011-01-08T00:34:00.004-02:002012-02-26T13:08:40.260-03:00pra minha vó.<span style="color:#cccccc;">Madrugada. A garoa fina paulistana. O vento frio nas gotinhas pelos braços nus.<br /><br />Escuro, vazio. Silêncio. Só os galhos das árvores, úmidas, sacudidos pelo vento. Gotas salgadas dos olhos e gotas geladas da chuva, misturadas no rosto, no peito, na calça. A pedrinha branca guardada.<br /><br />Flores amarelas. Mar.<br />Mar de flores amarelas. O rosto envolto nas pétalas.<br />Ao redor, cada pétala da família desabando, sem caule.<br /><br />O dia amanhece. A garoa permanece. Cinza.<br />O cortejo pelo trânsito cinza de sábado de manhã. Viadutos, carros, rostos.<br />Cinzas.<br /><br />A arena. Vermelha.<br />Lenços, lenços, abraço, ombro. Fundo.<br />O fogo vermelho. O adeus.<br /><br />Garoa insistindo. As lágrimas também.<br />Árvores escurecidas por tanta água. Os altares nas suas bases. Flores coloridas, pedras num círculo.<br /><br />O círculo que se fecha. Completo.<br />Fica o oco. Vácuo.<br />Cadê?<br /><br />Os vidrinhos de perfume, as porcelaninhas, as folhinhas no chão, as roupas no armário.<br />À espera...<br /><br />A espera é branca, asséptica.<br /><br />A força se esvai. Meu rosto molhado, sem expressão.<br />Simples dor. O estado puro dela. Nosso.<br /><br /><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 216px; DISPLAY: block; HEIGHT: 144px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5559640662208817106" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwhCLW4AaOS9cv_0Z50eEF_Hj6qfiyy-QzJ3wQf-RqWTA2Y-wR_VNXFMMyfCzAPfAgDUb6a_LoUMrs_PXtBj95ga1ebDvd-pdq_7NO3P-UljnIuJe3RhtQ3jOoxXcPW8G4J8mkZHa-Bi4/s320/Flor.jpg" /><br /></span><br /><div align="right"><br /><span style="color:#cccccc;"><em><span style="font-size:85%;">6/dez./10</span></em> </span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-25512201849353430952011-01-08T00:25:00.002-02:002011-01-08T00:28:39.831-02:00<div align="justify"><span style="color:#3366ff;">Vejo-me marcada por feridas que achava já cicatrizadas. Quanto tempo mais demorarão para fazê-lo? Não quero mais suas repercussões, seus medos, seu instinto de gato-escaldado. Quero a inocência, o entregar-se, o pular do abismo sem antes conferir o pára-quedas. </span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#3366ff;">Estou aqui inteira, na tentativa da entrega. Me doo. </span></div><div align="right"><br /><span style="color:#3366ff;">Me dói.<br /><br /><span style="font-size:85%;"><em>1/jan./11</em></span></span> </div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-69925577298373859702010-06-09T22:25:00.006-03:002010-06-14T23:17:48.635-03:00sertão<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh519kz2EOX0cRBSAZ6YK2QlMTfChJTdfJL3Xh1nggWvTZX1g9LhiowBUsQgw7c2tb4NVtqS0t-AcNBVztS3OwL0wkmmylyyvgHIIrTKd2IDbI7XUYxRMl-PJljh_khc-pccl6vVV0OXK0/s1600/Sert%C3%A3o+imagem.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 237px; DISPLAY: block; HEIGHT: 168px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5480954099573936050" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh519kz2EOX0cRBSAZ6YK2QlMTfChJTdfJL3Xh1nggWvTZX1g9LhiowBUsQgw7c2tb4NVtqS0t-AcNBVztS3OwL0wkmmylyyvgHIIrTKd2IDbI7XUYxRMl-PJljh_khc-pccl6vVV0OXK0/s320/Sert%C3%A3o+imagem.jpg" /></a><br /><div align="left"><span style="color:#000099;"><span style="color:#33ccff;">...</span>tanto medo<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>tanto tempo<br />tanto medo do tempo passar<br /><span style="color:#33ccff;">.<br />...</span>histórias evaporam<br /><span style="color:#33ccff;">............</span><em>sedimentam</em><br />sentimentos secam ao sol<br /><span style="color:#33ccff;">.</span><br /><span style="color:#33ccff;">...</span>resta o <strong>abismo</strong><br /><span style="color:#33ccff;">.........</span>de pedras e ar<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>entressonho de areia<br /><span style="color:#33ccff;">..............</span>amarelada pelo céu<br /><br /><span style="font-size:85%;"><em>jun./10</em></span></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-55837502195189290152010-05-21T23:29:00.005-03:002010-05-21T23:55:12.919-03:00sobre o contrário de tudo o que devíamos ter aprendido<div align="justify"><span style="color:#ff0000;"><span style="color:#993399;"><em><span style="font-size:85%;">livre-reflexão-desabafo sobre o processo de Interpretação I, ministrado pela nebulosa Maria Thaís.<br /></span></em><span style="color:#33ccff;">.</span><br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">tentativas tentativas tentativas.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">frustrações.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">quando vamos começar a acertar?</span><br /><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">‘escolha entre o campo das dúvidas e o campo das certezas’.</span><br /><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">por que, ainda assim, prefiro o das certezas?<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">ou melhor, por que alguém, em sã consciência, escolheria o das dúvidas?<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">Rilke deixa de fazer sentido. não consigo, por ora, respeitar o tempo das minhas próprias perguntas.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">quero respostas, saídas, apontamentos, notas dez, sinais verdes.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">minha ‘coragem para o ato de criação’ esvai-se.</span><br /><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">não aceito meus limites. são demasiado numerosos para fazê-lo.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;">quero a ideia pronta, o jogo feito, a relação construída.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span></span><span style="color:#993399;">quero a chegada. cansei do caminho. </span></div><div align="justify"><span style="color:#993399;"><span style="color:#33ccff;">.</span></div><em><span style="font-size:85%;"></span></em></span><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#993399;">maio/10</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-9476161810412170612010-05-21T20:50:00.009-03:002010-05-21T23:23:47.513-03:00sombra<div align="left"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 176px; FLOAT: right; HEIGHT: 279px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5473879928346974322" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyJ44od4fwhRi6a2_Z482MPG6dAzunwnT6tyq4-nNIALdt6TH-5St7eASVdUcCCYNfN6tmkSusnvthQBr9CwzsklaCI1DUYI7jh00D4v67MfsZO1fbnLpI2nYnRhYolI_WA7RcDkEB1qE/s400/P%C3%A1ssaros+2.jpg" /><span style="color:#6600cc;">O ar espaçado<br /><span style="color:#33ccff;">.....</span>espaço gelado<br /><br />Voa no céu azul<br /><span style="color:#33ccff;">.....</span>pássaro<br /><span style="color:#33ccff;">..........</span>indiferente<br /><em>passado</em><br /><br />Os olhos se fecham à luz<br /><span style="color:#33ccff;">.....</span>Muro claro refletor<br /><br />Nuvem.<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#33ccff;">.......................................</span><em>maio/10</em></span> </span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-68886277580578745872010-05-12T22:44:00.002-03:002010-05-12T22:50:16.080-03:00O Drama Naturalista de Ibsen<div align="justify"><span style="color:#6633ff;"><span style="font-size:85%;">Trabalho realizado para a matéria de História do Teatro III, ministrada pelo professor Welington Andrade</span><br />________<br /><span style="color:#33ccff;">.<br />.<br /></span><strong>H</strong>enrik Ibsen viveu, com 20 anos de idade, a Revolução de 1848. Segundo Robert Pignarre, transporta esse ideal libertário para o domínio da vida interior: a liberdade começa por ser a conquista de nós mesmos. Eu acredito que seja essa, por exemplo, a principal característica da sua peça <em>Casa de Bonecas</em> <span style="font-size:85%;">[1].</span> Nora, após ser um bibelô do marido por anos, toma finalmente a decisão de sair de casa em busca dela mesma, abandonando a família para exercer sua liberdade e aprender a existir por si mesma.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Para Tereza Menezes, as peças de Ibsen buscam acentuar a possibilidade de escolha, a intencionalidade das ações individuais, como um dever do homem para consigo mesmo, uma necessidade vital de ouvir e seguir os próprios desejos<span style="font-size:85%;"> [2].</span> A meu ver, tal é a essência que continua atual nas peças de Ibsen: a busca pelo eu. Ainda precisamos, talvez mais do que nunca, saber ouvir e seguir nossos próprios anseios, visto que vivemos tempos conformistas e resignados. A nossa sociedade de con-sumo é marcada pela grande dificuldade em identificar os desejos profundos e individuais. Nesse contexto, são vendidas constantemente falsas promessas de felicidade, que, relacionadas ao consumo capitalista, ocupam superficialmente o lugar que a verdadeira busca pelo indivíduo deveria ocupar. Ou seja, eu me contento em comprar um carro da marca “x” e me sinto feliz e realizada com isso. A realização pessoal deixa de se relacionar com os desejos íntimos e passa a ser determinada por conceitos massificados (“comprar o tal carro ‘x’ traz felicidade”).<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Menezes diz: “A única alternativa ao desespero humano é a autocriação por opção consciente, pela busca do autoconhecimento que persiga um ‘eu ideal’” <span style="font-size:85%;">[3].</span> Há algo mais contemporâneo do que esse desafio?<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>A dificuldade, superada por Nora, de descobrir sua própria lei e de se manter fiel a ela dialoga com isso, tema recorrente em Ibsen. O autor parte de uma crítica à sociedade burguesa para logo passar a uma espécie de meditação sobre o humano, conseguindo com as personagens cotidianas, no contexto familiar, a propósito de interesses mais ou menos sórdidos, restaurar a tragédia.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Segundo Pignarre, Ibsen muitas vezes recorre a símbolos cuja “insistência didática” pode ser considerada falsa poesia ou falsa profundidade. O crítico afirma ser por causa desses símbolos que a obra de Ibsen marcou o seu tempo, mas é também por causa deles que tem envelhecido.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Já Bernard Shaw defende que o teatro moderno começou no momento em que Ibsen escreveu <em>Casa de Bonecas</em>, e Nora convida o marido para sentar-se e discutir o casamento. Ele via o objetivo do drama naturalista na discussão de conflitos psicológicos e tradicionais. O palco convertia-se em cenário de debates<span style="font-size:85%;"> [4].</span><br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Assim, a nova forma do drama era exposição, situação e discussão, e não mais desfecho <span style="font-size:85%;">[5].</span> Es-se era outro aspecto inovador de Ibsen: a não conclusão do final. As peças terminavam de maneira aberta, necessitando uma reflexão interna por parte do espectador. Aí também há característica prezada na contemporaneidade: conflitos que não se resolvem explicitamente na peça e que permitem que a plateia pense sozinha, faça relações com a sua vida e exercite o senso crítico.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Com diálogos ricos e econômicos, há a confrontação de personagens em uma situação limite, do qual surge um indivíduo novo, com um novo olhar sobre si mesmo. Mais uma vez, <em>Casa de Bonecas</em> é ótimo exemplo desse nascimento de uma nova perspectiva, experimentado por Nora.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>A maioria do personagens ibsenianos não possui resolução nem definição precisa de seu caráter. É fácil identificar muitas dimensões e intenções deles. Desse modo, é impossível julgar seus comportamentos como certos ou errados, já que o parâmetro não é o das regras socialmente estabelecidas e aceitas, mas o oposto, o da possibilidade de contestá-las e do indivíduo perceber e afirmar sua vontade pessoal.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Assim sendo, Ibsen não busca um julgamento moral, suas indagações referem-se à possibilidade de um indivíduo construir seu próprio destino. Como afirma Menezes, “Ao dar mais importância para o questionamento de valores e idéias do que para o enredo, ele estava enfatizando a grande característica e especificidade do teatro, ou seja, o conflito” <span style="font-size:85%;">[6].<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span>Para ela, o efeito desorganizador do juízo do público obriga-o a repensar os conceitos que havia formado até aquele momento da peça e o torna, eventualmente, capaz de reconstruí-los em novas bases. Peter Szondi afirma: “a tragicidade do mundo burguês não reside na morte, mas na própria vida”<span style="font-size:85%;"> [7].</span><br /><span style="color:#33ccff;">.</span><br /><span style="font-size:78%;">[1] PIGNARRE, 1979, p. 120.<br />[2] MENEZES, 2006, p. 59.<br />[3] Ibid., p. 81.<br />[4] BERTHOLD, 2008, p. 460.<br />[5] MENEZES, 2006, p. 57.<br />[6] Ibid., p. 71.<br />[7] SZONDI, 2001, p. 46.<br /></span><span style="color:#33ccff;">.<br />.</span><br />Bibliografia<br /><span style="color:#33ccff;">.</span><br /><span style="font-size:85%;">BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2008.<br />MENEZES, Tereza. Ibsen e o Novo Sujeito da Modernidade. São Paulo: Perspectiva, 2006.<br />PIGNARRE, Robert. História do Teatro. Portugal: Publicações Europa-América, 1979.<br />SZONDI, Peter. Teoria do Drama Moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. </span></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-82356107240158929012010-04-21T13:06:00.000-03:002010-04-21T13:09:20.066-03:00(en)foco<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBEPM7Admiz3l7INze91IHGX4f0NqDdx5B6MrxJ20122kPbhDiJ1ssEjAhFjhBaJx1NyYVBRaT-Vwfbq5F1VnFEuxXyiKjmz1GPyg2Oa8zd8CLqeuC8Vp5_owbhdXZRezIbmB3nTahP-c/s1600/Bolha+abr+010+012.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5462623471104712594" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBEPM7Admiz3l7INze91IHGX4f0NqDdx5B6MrxJ20122kPbhDiJ1ssEjAhFjhBaJx1NyYVBRaT-Vwfbq5F1VnFEuxXyiKjmz1GPyg2Oa8zd8CLqeuC8Vp5_owbhdXZRezIbmB3nTahP-c/s400/Bolha+abr+010+012.jpg" /></a><br /><div></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-49191924591578441632010-03-01T23:21:00.005-03:002010-03-01T23:29:50.824-03:00espelho<span style="color:#6666cc;">Girou a chave <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEBlg-Kn31fcQWs6JsW5GlXmT066Wxc_6RweNk2uNZWLwCln9ET0xayBIRXxv1rOWakRzN3H07PLfu87RTqxO3V_cA_Qop8Namp2JbFDBnWQcaNARAeRhnhntK5N2yTYfqQvVhXAZzrb8/s1600-h/Picasso.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 163px; FLOAT: right; HEIGHT: 196px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5443857742428251122" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEBlg-Kn31fcQWs6JsW5GlXmT066Wxc_6RweNk2uNZWLwCln9ET0xayBIRXxv1rOWakRzN3H07PLfu87RTqxO3V_cA_Qop8Namp2JbFDBnWQcaNARAeRhnhntK5N2yTYfqQvVhXAZzrb8/s200/Picasso.jpg" /></a><br />Fechadura<br />Duro dia<br /><br />Despiu-se.<br />Roupas e pés no chão gelado<br />O fraco brilho da luz<br />Refletido no espelho gasto<br /><br />Seu gasto corpo de fraco brilho<br />Duplo.<br />Duplicado no vidro. Múltiplo. </span><br /><div align="justify"><span style="color:#6666cc;"></span></div><br /><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6666cc;"></span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6666cc;">mar./10</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-37075007039227155732010-01-27T22:19:00.003-02:002010-01-27T23:21:20.458-02:00encontro em contraste<div align="right"><em><span style="color:#6600cc;">Ella me quiso, a veces yo también la quería.<br />Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.<br /><br />Puedo escribir los versos más tristes esta noche.<br />Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.</span></em></div><span style="color:#6600cc;"></span><br /><span style="color:#6600cc;"></span><br /><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Lia Neruda na cama.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Quanto desperdício de pessoas... Quantas relações jogadas fora a troco de tão pouco.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Caminhos que se cruzam sem aparente motivo. Seres que se encantam mutuamente. Destino?<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Nós que se desatam. Fascinação. A ‘redescoberta do tesão da vida’.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>No encontro com o outro, o choque das diferenças. Belo.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Diante do estranho, conhecer-se. Lembrar-se.<br /><br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Encontrar-se no contraste.</span></div><div align="justify"><span style="color:#33ccff;">.</span></div><div align="justify"><span style="color:#33ccff;">.</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"></span></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6600cc;"></span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6600cc;"></span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">jan./10</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-9798745477208292122010-01-26T23:50:00.004-02:002010-01-27T00:24:32.643-02:00ensaio secreto sobre a chuva<span style="color:#6600cc;">1. Olá! Quem é você?<br /><br />2. Oi. Eu sou um Segredo.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>E você?<br /><br />1. Sou uma Chuva.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Que tipo de Segredo você é?<br /><br />2. Por ser Segredo, não posso contar.<br /><br />1. Nada de nada?<br /><br />2. Sou um Segredo bom.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Já você não é Segredo, mas está escondida.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Está me vendo? Eu sou Segredo, e você me vê.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Curioso mesmo...<br /><br />1. Coisas de Chuva...<br /><br /></span><span style="color:#6600cc;"><em>(silêncio)<br /></em><br />2. Eu não uso guarda-chuva.<br /><br />1. Não gosto de pessoas que usam guarda-chuvas.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Não são confiáveis.<br /><br />2. Ando na Chuva como quem anda ao sol.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Gosto do sol quando faz sol<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>e da Chuva quando chove.<br /><br />1. É um bom jeito de se viver.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Você tem algo para contar à Chuva?<br /><br />2. Normalmente é a Chuva quem conta histórias.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Histórias de dormir<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>ou histórias de quem escuta a Chuva.<br /><br />1. Sim. Eu bem sei fazer as pessoas dormirem...<br /><br />2. Faz cafuné?<br /><br />1. Não. Só pingo.<br /><br /><em>(silêncio)</em><br /><br />1. Calei o Segredo?<br /><br />2. Segredo está fazendo mistério.<br /><br />1. Ah... a Chuva gosta de mistérios. Na medida certa.<br /><br />2. A medida certa é a medida que acontece.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Nenhuma é mais certa do que ela.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Nenhuma outra foi.<br /><br />1. Nem sempre... às vezes, eu mesma exagero.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Quem perde sua casa para mim não acha que eu vim na medida certa.<br /><br />2. As pessoas, muitas vezes, não estão no lugar certo.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>A Chuva é certa. Só pinga.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>E não faz mais certo, porque é só o que é.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Essência.<br /><br />1. Quem diria? Até que o Segredo entende de Chuva...<br /><br />2. Mas será que a Chuva entende de Segredo?<br /><br />1. A Chuva tem os segredos dela.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#6600cc;">D</span>esses ela entende.<br /><br /><em>(silêncio)</em><br /><br />1. Fazendo segredos com alguém?<br /><br />2. Muitas grandes conversas são caladas.<br /><br />1. Era uma conversa o que acontecia aqui?<br /><br />2. Era.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Você interrompeu.<br /><br />1. Desculpe-me. Eu gosto de interromper algumas coisas, de vez em quando.<br /><br />2. Já interrompeu a Chuva?<br /><br />1. Não. </span><br /><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Não se pode interromper a Chuva.<br /><br />2. Você apenas acaba?<br /><br />1. Sim.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Eu seco.<br /><br />2. A Chuva pouco me conhece...<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Mas sabe onde me encontrar.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Adeus.<br /><br />1. O contrário também é verdadeiro.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>São tempos secos, mas continue olhando o céu.<br /><br />2. Um mistério pra você.<br /><br />1. E um pingo pra você.</span><br /><div align="right"><span style="color:#6600cc;"></span></div><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;"><em>set./09</em></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-65595411740430385212010-01-26T02:18:00.003-02:002010-01-26T23:17:28.233-02:00caminhos<div align="justify"><span style="color:#6600cc;">Saímos de casa às 15 horas. Mesmo sendo domingo, era melhor chegar mais cedo, afinal não sabíamos exatamente para onde estávamos indo. Paramos uns quatro ônibus. Nenhum deles iria até a Paulista. Será que devíamos ter saído mais cedo? A luminosidade do inverno incomodava os olhos, desprovidos de óculos escuros, esquecidos em casa por causa da correria. Finalmente uma resposta positiva: o ônibus Jaçanã passaria pelo MASP. É, acho que vai dar tempo! Descemos no ponto previsto. Em frente, havia uma grande e convidativa feira de artesanato, porém o objetivo principal ainda não tinha sido cumprido: achar o tal lugar. Fomos a pé pela Nove de Julho, sempre apressadas. “O que será que as duas estão fazendo a essa hora?”, pensei em voz alta.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Tínhamos a informação de que o teatro seria visto uns 500 metros adiante. Mas nunca se sabe, é melhor parar e perguntar pra alguém. O garçom de um boteco confirmou: é logo ali na frente. O letreiro Teatro Raul Cortez indicava que estávamos no lugar certo, mais de uma hora antes do indicado no ingresso. Os rostos de Marieta Severo e Andréa Beltrão estampados em grandes cartazes: As Centenárias.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Entramos. No enorme saguão, só havia uma faxineira, limpando o chão. Percebendo que estranhávamos o vazio, ela nos disse que a bilheteria ficava no segundo andar, indicando-nos a escada rolante do outro lado. Atravessamos o local. Mas que coisa! Até a escada rolante ainda está desligada! Olhamos em volta: havia também uma pequena escada tradicional, metros adiante. Fomos até ela, quando ouvimos o eco de risos abafados. Do andar de cima, funcionários se divertiam às nossas custas. “Podem ir pelas escadas rolantes!”, eles falaram, “elas funcionam”. Achei aquilo estranho, elas estavam claramente paradas. Marina, também envergonhada, já saiu em direção a elas, subindo no primeiro degrau. Em frações de segundo, nada aconteceu e eu tinha certeza que aqueles moços ririam ainda mais com a nossa ingenuidade em acreditar neles. Foi grande a surpresa quando toda a escada começou lentamente a funcionar, levando minha amiga para cima. Eu, parada sozinha e envergonhada, tratei logo de subir, num disfarce da minha ingenuidade em não acreditar neles. Subimos o outro lance de escada rolante, o qual eu mesma acionei, tentando entender o mecanismo da coisa. Senti-me a própria centenária, por desconhecer tecnologias como aquela.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Retiramos nossos ingressos sem grandes complicações. Faltava ainda uma hora para o início da peça. Só então percebemos que não houvera tempo para comer antes de sair de casa e, portanto, estávamos mortas de fome. O brigadeiro do refinado café custava três reais. Melhor não; a tortinha de ricota e espinafre seria um dinheiro mais bem gasto. Reparei num grupo de confusas senhorinhas, tentando pagar a conta do que já haviam comido. Achei uma mesa mais no fundo e sentei com a minha tortinha, enquanto minha amiga escolhia a dela. O senhor do caixa me chamou, pedindo para já pagar o que havia pedido. Injuriada, paguei os quatro reais exigidos, pensando: “ora essa... as tais senhoras podem pagar depois; só porque somos jovens, ele tem medo de que a gente saia correndo sem pagar”.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Voltei à mesa, ainda incomodada com a história. Ficamos ali por um tempo, jogando conversa fora. Olhei para as escadas, lembrando da vergonha que passara há pouco. Uma moça de costas, de casaco vermelho, e duas crianças subiam. “Hum, parece uma antiga professora minha de teatro, com o cabelo loiro preso desse jeito”, pensei. Voltei minha atenção para a fala de Marina. A moça do casaco vermelho se aproximava de nós. Usava óculos escuros. Estranho usar óculos escuros dentro de um prédio. Ué, ela parece mesmo alguém... e não é a minha professora!<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>– Mariiiiina, é a Andrééééa!!!<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>A minha diva estava passando ali, a menos de um metro de mim, olhando para baixo, seguida pelos filhos, e ninguém mais parecia perceber! Ela entrou numa porta atrás da gente, que, deduzimos, daria para os camarins. “Meu Deus, era ela!”, “Não acredito!”, “Que linda que ela é!”. Estávamos realmente em êxtase. Pensamos na Marieta: será que ela já havia chegado? Marina respondeu: “Sim, ela tem cara de ‘certinha’, que chega três horas antes da peça”. Rimos, ainda empolgadas com o acontecido. “Mas agora sua pergunta de antes está respondida”, ela continuou. “Naquela hora, Andréa estava no trânsito!”.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Aos poucos, mais pessoas foram chegando. Já se ouvia um burburinho feliz dominando o hall. Esperávamos, ainda na mesa, um amigo atrasado, que assistiria à peça conosco. Olhei ao redor, à procura dele, e a imagem de uma senhora andando me chamou a atenção: trazia uma pequena mala de rodinhas. E usava óculos escuros... Ai, não é possível:<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>– Mariiiina, é a Marieeeta!!!<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Percebendo nosso espanto, a atriz olhou para nós e deu um sorriso um tanto envergonhado, entrando rapidamente na mesma porta atrás da gente. “Ela sorriu pra gente!!!”. Olhei em volta. Dessa vez, outras pessoas também tinham percebido a presença pelo menos “especial” e comentavam a respeito. Mas ninguém, além de nós duas, havia recebido um sorriso dela!<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Uns minutos depois, nosso amigo apareceu e foi recebido com apenas um grito da nossa parte: “A gente viu a Marieta e a Andréa!!!”. Após contarmos cada detalhe do que acontecera, entramos na sala e nos dirigimos aos nossos assentos, espalhados pelo teatro. Ainda maravilhada com o que passou e com o que estava por vir e isolada dos meus amigos, tentei ainda alguma comunicação por sinais com eles, mas nada compreensível.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>O mágico terceiro toque de Molière foi ouvido e as luzes foram se apagando aos poucos. Sempre adorei esse momento, quando todos os pensamentos ficam do lado de fora do teatro e o único foco é o palco iluminado e o que está prestes a acontecer nele.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Marieta Severo e Andréa Beltrão entram em cena, ao som de uma música alegre.</span><br /></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">ago./09</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-68426492284248718672009-12-08T20:47:00.003-02:002009-12-08T21:05:59.480-02:00"Querô"<div align="justify"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">Exercício realizado para a matéria Teatro e Sociedade II, ministrada pelo professor Kil Abreu.</span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">_______</span></div><div align="justify"><span style="color:#33ccff;">.</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>O espetáculo que eu escolhi foi "Querô". A peça, escrita por Plínio Marcos, trata de assuntos politicamente engajados: a violência e a corrupção policiais, a pobreza, a marginalização, a espetacularização de fatos dramáticos pela mídia televisiva.</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Filho de prostituta e pai desconhecido, Querô vive uma história densa, violenta e, ainda assim, muito reconhecível na sociedade brasileira. Órfão, o protagonista é internado em reformatório, se envolve com tráfico de drogas, mora temporariamente embaixo de viaduto, mata um policial, é preso e acaba morto, ainda muito jovem.</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Porém, até que ponto esse engajamento é posto em prática? O Galpão do Folias é localizado no centro da cidade, região bem popular, próxima ao "Minhocão". O horário de início da peça é meia-noite. Eu me pergunto: quem pode assistir um espetáculo nesse horário? Quem não depende de transporte público, ou seja, quem tem carro. Contradição.</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Ainda assim, o caráter social está claramente presente na montagem. O coro das pessoas do cabaré decadente chama atenção pela quantidade de indivíduos, pela precisão nos movimentos e nas canções e pelo pouco espaço que ocupa no palco (ou será na sociedade?).</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>A crítica de Plínio Marcos e do grupo Folias em relação à violência, aos contrastes sociais, à corrupção policial e à manipulação de informações pela televisão no contexto brasileiro é explícita em "Querô". Como disse o autor: "minhas peças são atuais porque o país não evoluiu".</span></div><span style="color:#6600cc;"></span><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;"><em>dez./09</em></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-21352282609022618602009-12-03T00:18:00.004-02:002009-12-03T00:32:57.993-02:00desespero<div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Penumbra. As pálpebras precisam fechar. Os olhos vermelhos lacrimejam, ardidos. Eu preciso dormir. Agora. Não se sente mais no controle de nada. Nem dos próprios músculos, quanto mais do que acontece ao redor. O mundo escuro gira, as paredes parecem fechar sobre o seu corpo contorcido no chão. Seu estômago se contrai com uma intensidade absurda.</span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Grito. De silêncio.</span></div><span style="color:#6600cc;"></span><br /><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;"><em>dez./09</em></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-73395609253952650602009-11-30T18:48:00.007-02:002009-12-03T00:13:57.761-02:00marcas<div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Eu coleciono últimos beijos.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Não que eu tenha optado por isso em algum dia estranho, mas minha vida foi sendo marcada desse jeito. Fases definidas pelos beijos finais. O mais "curioso" era o desconhecimento por minha parte justamente desse "ser final". Me explico:</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span>1. Rodoviária. Pessoas e malas passando rapidamente à nossa volta. Fim de tarde ensolarada de domingo. Ele-1, sua mochila preta e eu, parados, os três. Nos despedimos, o ônibus dele sairia logo. Imaginava realmente que a primeira coisa que Ele-1 faria ao voltar para sua cidade seria terminar com a tal namorada. <em>Beijo</em>. Ele-1 não terminou. Último.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span>2. Vestibular. Céu azul. Ele-2 foi me encontrar, pois eu voltara de viagem e ainda não nos tínhamos visto. Trocamos finalmente os presentes de Natal. Enquanto abria o laço vermelho do meu novo CD, Ele-2 me diz que viajaria para o interior por umas semanas. É um tanto difícil entender que essa frase significava que Ele-2 iria viver na África pelo próximo ano. Só um e-mail (sim, um e-mail) posterior me esclareceu o destino e a duração da "viagem". E o último <em>beijo</em> já havia passado. Quase despercebido.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span>3. Portão de casa. Madrugada quente de lua bonita. Azulejos da garagem molhados pelo orvalho. Ele-3 se despedia. Para mim, estávamos felizes. Nosso reencontro demorou alguns meses, mas acontecera. A partir daquela noite, daríamos uma nova chance para a gente. <em>Beijo</em>. Ele-3 entra no carro. Dias depois, fui descobrir por acaso que Ele-3 namorava há duas semanas. Outra.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#33ccff;">.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;color:#6600cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span><em>Beijo</em>.</span></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Final.</span></span></div><span style="color:#6600cc;"></span><br /><div align="right"><span style="font-family:georgia;font-size:85%;color:#6600cc;"><em>nov./09</em></span></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-2114803633664353572009-10-11T19:55:00.005-03:002009-11-30T18:39:34.320-02:00epiderme<div align="justify"><span style="color:#330099;"><span style="color:#33ccff;">...</span>Injetar azul.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>Círculo. Indivíduo, psique. Centro.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>O azul se espalhando por baixo. Colorindo as células, marcando o definitivo, sublinhando.<br /><span style="color:#33ccff;">...</span>A busca pelo eu, pelo eixo. Mais dolorida que as agulhas. Afiada.</span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="color:#330099;"></span></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#330099;"></span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#330099;">out./09</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3450163937404353435.post-75707755331726490562009-10-11T19:38:00.004-03:002009-10-11T20:04:15.095-03:00faculdade<div align="justify"><span style="color:#33ccff;">...</span><span style="color:#993399;"><span style="color:#6600cc;">Estudar artes cênicas? Intensidade.<br /></span><span style="color:#33ccff;">...</span></span><span style="color:#6600cc;">Não sentamos e apenas copiamos a matéria da lousa verde em nossos cadernos. Colocamos em jogo nossa bagagem, nossos medos, vontades, traumas. Esse é o nosso material escolar: nós mesmos.</span></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">out./09</span></em></div>óli de castrohttp://www.blogger.com/profile/06111368987491249116noreply@blogger.com2